Síndrome do impostor. Será que você tem?

Nossas últimas pesquisas internas mostraram que atualmente, neste final de 2015, mais mulheres do que homens acessam o nosso site. E o tema deste texto de hoje é algo que acontece mais com mulheres. Mas também acontece com homens, e contarei aqui minha experiência. Enfim, você já ouviu falar sobre esta síndrome?
Basicamente, este termo é utilizado para descrever pessoas que não conseguem reconhecer sua competência ou conquistas, mesmo que existam muitas comprovações externas. E sabe por que tive a vontade de escrever sobre isso? Porque eu já fui assim e hoje enxergo nitidamente que não existe nenhum problema em reconhecer os próprios méritos.
Você recebe elogios de diversas pessoas e não os aceita como verdade. Acha que apenas “falaram por educação”. Você conquista algo após muito esforço e dedicação e, mesmo celebrando a conquista, acredita que foi sorte.
Obviamente que há diferentes níveis de exteriorização desta síndrome. Existem pessoas que não têm autoconfiança (gerando insegurança), e também existem casos de pessoas que simplesmente não páram de trabalhar como uma tentativa de não permitir que outros vejam que ela é uma farsa. E este trabalho ininterrupto gera consequências em todas as áreas de sua vida, principalmente a social, seja em casa, na escola ou no trabalho (listarei abaixo alguns dos sintomas).
Meu caso: desde pequeno sempre fui muito elogiado. O menino estudioso, que tirava excelentes notas na escola, mas mesmo assim era da turma da bagunça. O menino que desde muito novo falava inglês e era muito bom em todos os esportes que praticava. Mas eu nunca me enxergava desta forma. Como eu poderia ser elogiado pelas minhas notas se eu não estudava a mesma quantidade de horas que meus colegas? Se eu falava inglês era porque meu pai era professor e isso era mérito dele, e não meu. Nos esportes eu era apenas mais um… “afinal, você não viu a quantidade de gols que eu perdi?”.
O portador desta síndrome geralmente é um pessimista, mesmo que as coisas com que se envolva deem certo. O interruptor do auto-reconhecimento nunca é ligado. Os motivos desta característica ainda não foram comprovados pelos estudos, mas os efeitos colaterais são vistos a todo momento:
Rejeição de prêmios ou promoções. Seu chefe oferece uma oportunidade de crescimento e você rejeita com a certeza de que não merece a vaga. E se estiver em evidência verão que você é uma farsa. E, mesmo que aceite a proposta, você geralmente não conta pra ninguém até ela ser realmente consolidada, pois acha que até lá alguém vai descobrir que foi um erro a decisão e cancelar tudo.
Medo de repetir algum feito. Quando você é elogiado por atingir alguma meta, tem quase certeza de que não conseguiria repetir o feito, afinal, “foi pura sorte”.
Seu sucesso nunca é celebrado. Como você atribui qualquer conquista à pura sorte, você sempre dará os méritos para as circunstâncias, e nunca para seus esforços.
Como eu trato isso?
Em primeiro lugar, crie uma rotina de autovalorização. Repetir a mesma coisa várias vezes, mesmo que inicialmente incômodo, vai transformar-se em uma rotina. Desta forma, crie uma lista de conquistas. Cada pequena vitória conquistada, anote em uma planilha ou arquivo de texto, ou até envie um e-mail para si mesmo com uma simples nota: “hoje eu finalizei uma tarefa que estava prevista para depois de amanhã”.
Ria de si mesmo (e com os outros). A insegurança inerente ao portador desta síndrome o transforma em alguém encasulado, e rir, mesmo que começando com leves e quase inaudíveis risos, é um excelente exercício.
Pergunte-se se você está feliz. Um catalisador desta síndrome é um ambiente desfavorável. Caso você já tenha esta tendência, cercar-se de atividades e pessoas que de tragam desconforto apenas vai piorar a situação. Ou seja, trabalhe com algo que você goste, esteja perto de pessoas que você goste. Não faça nada por obrigação.
Tire os óculos para ver o mundo. Ao observar pessoas, faça o exercício de vê-las como elas são. Faça em sua cabeça uma pequena lista de três qualidades e defeitos vistos nesta pessoa. Você perceberá que eles não são melhores que você.
É um passo a passo que surte efeitos aos poucos, mas vale a pena. O resultado é uma pessoa transbordando alegria, autoconfiança e disposição!